
Finalmente, silêncio. Só o barulho da geladeira e a nossa respiração. Sabe, hoje eu fiquei olhando você com as crianças, no meio daquela confusão toda antes do jantar, e me veio uma coisa na cabeça. Lembra daquela pergunta que todo mundo ouve na infância? “O que você quer ser quando crescer?” Astronauta, médica, inventora de robôs… Hoje eu ouvi as crianças falando sobre construir uma casa na lua, e o jeito que você olhou pra elas… com aquele brilho de quem acredita de verdade… me fez pensar.
A sinfonia dos ‘porquês’

Eu sei, a fase dos “porquês” às vezes parece um teste de resistência olímpico. É “por que o céu é azul?” antes mesmo do café e “por que a gente dorme?” quando tudo o que a gente quer é, finalmente, dormir. Mas hoje eu notei uma coisa diferente.
Quando te perguntaram pela décima vez por que a água do macarrão borbulha, você não deu só a resposta. Você parou, se abaixou e disse: “Boa pergunta! Parece que tem uma festa acontecendo aí dentro, né? O que você acha que está fazendo ela dançar assim?”.
Naquele instante, você não estava só respondendo uma pergunta. Você estava transformando uma dúvida numa possibilidade. Em vez de entregar um fato, você convidou a imaginação para a conversa.
Não é sobre ter todas as respostas, mas sobre mostrar que as perguntas são o mais importante.
O laboratório de ideias que a gente chama de casa

Às vezes, eu chego do trabalho e olho para a nossa sala… e parece que um furacão de criatividade passou por aqui. Almofadas viraram um forte, a mesa de centro é um navio pirata e tem pedaços de papelão que, com certeza, são o painel de controle de uma nave espacial.
Você tem esse dom de enxergar o potencial em qualquer canto. Não precisa de brinquedos caros, de nada muito elaborado. Você cria um ambiente onde a imaginação deles é o recurso mais valioso.
É essa sua capacidade de transformar o nosso cotidiano num espaço seguro para explorar, errar e tentar de novo que mostra para eles que as melhores ideias não precisam de um lugar especial para nascer. Elas só precisam de um pouco de espaço e de alguém que acredite nelas.
A engenharia secreta das brincadeiras

A gente se preocupa tanto com o futuro, com a escola, com preparar eles para um mundo que a gente nem sabe como vai ser. Mas a preparação de verdade, eu vejo acontecendo de um jeito tão natural, tão orgânico.
Hoje, quando a torre de blocos deles desmoronou pela quinta vez, eu vi a frustração chegando. Mas você chegou perto, não para construir por eles, mas só para sentar ao lado e dizer: “Que pena… mas sabe, os engenheiros de verdade também erram muito até o prédio ficar de pé. Que tal a gente tentar com uma base mais larga agora?”.
Naquele momento, você estava ensinando sobre resiliência, sobre física, sobre resolução de problemas… tudo isso disfarçado de brincadeira. É essa a mágica. Você não separa o brincar do aprender.
O futuro que a gente constrói no agora
E no fim das contas… Sabe, amor, no fim do dia, depois de toda a correria, das negociações para tomar banho, da louça na pia… o que fica é isso. É olhar para eles dormindo e saber que as sementes que a gente planta não são grandes feitos. São esses pequenos momentos.
É a sua paciência com o milésimo “porquê”. É o seu incentivo quando uma ideia parece maluca demais. É a sua tranquilidade em meio à bagunça criativa.
Aquele artigo que eu li falava sobre criar inovadores. Mas o que você faz é muito mais profundo. Você está criando seres humanos curiosos, corajosos e que não têm medo de tentar. E talvez o maior inovador não seja o que inventa algo novo, mas o que tem a coragem de sonhar com um mundo melhor.
E essa coragem, eles estão aprendendo todos os dias, só de te observar. A gente está cansado, exausto às vezes. Mas olhando para você agora… eu tenho certeza de que a gente está no caminho certo.
Fonte: Larry Ellison’s $1.3 billion bet to turn Oxford into the Next Silicon Valley: Inside the tech giant’s vision to revolutionize innovation, AI, and global health with the Ellison Institute of Technology, Economic Times, 2025/09/13
