Como Lidar com a Frustração: O Silêncio Que Ensina Resiliência Infantil

Mãe ajoelhada confortando seu filho pequeno que parece frustrado.

Já reparou naquele instante? Quando a partidinha termina, ele perde, os lábios tremem… e ela não corre pra consertar tudo. Fica ali, de joelhos, com aquela calma que parece vir do fundo da alma. Só pergunta baixo: ‘O que vai ajudar agora?’.

Confesso que demorei pra entender isso. Vi tantas situações parecidas, dia após dia, até que algo clicou: resiliência infantil não se constrói com soluções rápidas. Nasce nesses segundos de silêncio, quando ela não foge da frustração — mas a acolhe como parte da jornada.

Aqui, não tem ‘ahá’ forçado, não tem técnicas milagrosas. É só você, pai ou mãe, sentindo aquela ponta de impotência quando o mundo deles desmorona… e descobrindo junto como ajudá-los a levantar. Porque na verdade, ela já sabe. Só precisamos parar pra ver.

Frustração não é fracasso, é chão para recomeçar

Você já se perguntou por que crianças têm crises quando não conseguem amarrar os sapatos ou perdem uma partida? Estudos mostram que frustração faz parte da vida — e é essencial pra desenvolver habilidades socioemocionais. Mas a gente, como pais, muitas vezes quer ‘consertar’ na hora.

Lembro de ver uma mãe no parque gritando: ‘Para de chorar, que eu não aguento mais!’. Mas aquela mãe tranquila ali perto? Ela ajoelhou, olhou nos olhos do filho e disse: ‘É difícil, né? Vamos tentar juntos outra vez?’. Nada de ‘não chore’, nada de pular a etapa. Ela tá ensinando a tolerância à frustração de verdade: que cair é humano, mas levantar é escolha.

Como pai de família coreano-canadense, vejo que tanto a tradição coreana de resiliência quanto a abordagem canadense de expressão emocional têm espaço nessa jornada.

E percebi uma coisa importante: quando a gente evita a frustração, impede que a criança construa autoconfiança. Aquela vez que seu filho(a) derrubou o castelo de areia e quis desistir… não era preguiça. Era medo de tentar e falhar de novo. A resiliência infantil pra lidar com frustrações nasce justo aí — quando não pulamos pro ‘tudo bem, vou fazer pra você’.

Você sente isso também? Quando a pressão vem de dentro: ‘Será que tô deixando ele sofrer demais?’. Será que às vezes estamos tão focados em evitar o sofrimento deles que esquecemos que é nessa dor que eles crescem? Mas a frustração estimula crescimento. Aquele momento que ele chora porque o desenho não saiu como imaginava? É quando aprende que ações têm consequências, que esforço leva a resultados. E mães brasileiras sabem disso intuitivamente. Elas não desviam do choro. Ficam ali, com aquela força calma, repetindo sem palavras: ‘Eu tô aqui enquanto você sente isso’. Não é sobre evitar a dor. É sobre mostrar que a vida tem altos e baixos — e que você é capaz de navegar os dois.

E aqui está o paradoxo mais interessante: para ensinar resiliência, primeiro precisamos cultivá-la em nós mesmos.

O melhor que você pode oferecer é seu exemplo tranquilo

A gente acha que resiliência infantil é coisa só da criança. Mas a verdade? Parte maior vem de nós. Porque crianças copiam o que veem, não o que a gente diz. Lembra daquela vez que o carro quebrou no trânsito e você xingou? Seu filho(a) percebeu cada músculo do seu maxilar travado… e aprendeu que frustração vira raiva.

Mas quando você respira fundo e fala ‘Pronto, vamos resolver isso juntos’ — mesmo cansado —, aquilo vira lição. É radical, eu sei. Porque frustração de adulto é pesada: contas, trabalho, sono atrasado… Mas se queremos ensinar tolerância à frustração com resiliência, precisamos primeiro aprender a sentir a nossa sem disfarçar.

Mães, principalmente, carregam isso nas costas. Elas viram a frustração do filho, somam com a pressão de ser ‘perfeita’, e mesmo assim… não explodem. Por que? Porque sabem que seu exemplo é a bússola deles. Aquela amiga minha desabafou: ‘Quando perco a calma, sinto que tô falhando’. Mas não é falha. É humano.

Relações parentais resilientes na frustração infantil não nascem de pais infalíveis. Nascem de pais que mostram como se levantar depois de tropeçar.

O segredo tá na recuperação: quando você pede desculpas, explica ‘Hoje eu não lidei bem, vamos tentar de novo?’. E isso, de verdade, dá mais segurança pra criança do que qualquer discurso pronto.

Pequenos gestos, grandes sementes de confiança

Ela não precisa de hora marcada pra ensinar resiliência. Acontece no cafezinho da manhã quando o leite derrama, na brincadeira quando o boneco quebra. O pulo do gato? Ajudar a criança nomear o que sente. Em vez de ‘Calma, não é nada’, aquela pergunta suave: ‘Tá com raiva ou triste?’. Porque primeiro identificamos a emoção, depois aprendemos a lidar.

Educação emocional é isso: não julgar, só acolher. Vi uma mãe no mercado fazer exatamente isso. Filho chutou o chão porque não comprou o doce. Ela se abaixou e disse: ‘Frustrado, né? Eu também fico assim quando não posso… Vamos escolher uma fruta juntos?’. Foi simples, mas genial. Não negou a frustração — transformou em chance de escolha.

O que mais me impressiona? Como mães (e pais presentes) viram crises em oportunidades. Quando seu filho(a) perde na brincadeira e grita, é tentador mandar ‘Pare de mimar’. Mas e se você perguntar ‘O que você quer que eu faça agora?’? Mostra que ele tem voz. Que frustração não é fraqueza — é sinal de que ele se importa. E sabe o que isso constrói? Autoestima sólida.

Porque na infância, aprender a lidar com a frustração é plantar raízes pra quando a vida apertar mais tarde. Não tem atalho: você não ensina com pressa. Ensina com presença. Com aquela mão no ombro, olho no olho, respiração compartilhada. Assim, ele aprende que não tá sozinho… e que, mesmo caindo, sempre tem um chão pra recomeçar.

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