Quando o ‘por quê?’ das crianças nos ensina a sermos melhores pais

Pai e filho sentados no chão, olhando para um tablet com curiosidade.

Lembra daquela terça-feira caótica? Você tentando fazer o jantar enquanto resolvia um problema do trabalho pelo celular. Foi quando nosso pequeno filósofo apareceu com os olhos cheios de perguntas que o mundo adulto já esqueceu de fazer. ‘Mamãe, por que as formigas não usam guarda-chuva?’

Confesso que, na hora, eu travei! Fiquei completamente sem graça. Mas então, naquele instante, entre a panela fervendo e as notificações do WhatsApp, vi naquele momento a dança perfeita entre a correria do dia e a necessidade de alimentar aquela curiosidade que crianças têm.

Como pai entre duas culturas, percebo que essa fase dos ‘por quês?’ é universal, mas as maneiras de responder podem variar. É uma oportunidade incrível de misturar o melhor dos dois mundos: a profundidade e o respeito pela sabedoria de uma cultura, com a empolgação pela descoberta da outra.

Essa fase dos ‘por quês?’ não é um teste para nossa paciência, mas um convite. O que fazemos nessas microjanelas de tempo define se criamos apenas respostas ou construímos pontes para o pensamento crítico. E numa época onde a IA pode responder qualquer coisa em segundos, nosso maior desafio é: como usar a tecnologia para aproximar, não para substituir o calor humano?

A arte de transformar perguntas em experiências

Criança fazendo bolhas de sabão no banheiro, aprendendo sobre ciência de forma divertida.

E a coisa mais INCRÍVEL aconteceu há um mês! Nossa pequena perguntou por que a espuma do sabão voa. Em vez de uma resposta chata, você transformou o banheiro numa arena de bolhas de sabão! E aí, que mágico aqueles 20 minutos no banheiro transformaram a física em algo palpável! Aquele momento caótico, com água por toda parte, foi quando vi os olhos da minha pequena brilharem mais que qualquer bolha de sabão.

É isso que os especialistas chamam de ‘aprendizado contextualizado’. Quando usamos a IA não como Google glorificado, mas como ponto de partida para brincadeiras. Que tal criar um jogo onde cada ‘por quê?’ vira uma missão de detetive? A tecnologia encontra os fatos, nós transformamos em aventuras.

Dica prática: Crie um ‘pote das curiosidades’ – quando surgir uma pergunta complexa, escrevam juntos num papel e pesquisem depois. Isso ensina paciência e planejamento, habilidades tão importantes quanto o conhecimento em si.

Essa abordagem de transformar perguntas em brincadeiras nos trouxe uma descoberta ainda maior: a de como equilibrar o mundo digital com o real.

Equilibrando telas e conversas

Mãe mostrando um álbum de fotos para a filha, conectando gerações através de histórias.

Na semana passada, durante o jantar, nosso pequeno perguntou por que as pessoas envelhecem. Minha mão quase alcançou o celular, mas você fez algo brilhante – pegou um álbum de fotos e começamos uma viagem no tempo com histórias dos avós. A tecnologia veio depois, complementando com imagens de como o corpo muda.

Um estudo recente mostrou que crianças aprendem melhor quando a informação vem acompanhada de conexão emocional. Isso não significa banir aplicativos educativos, mas usá-los como extensão das nossas interações. Que tal depois de uma sessão de IA, transformar as descobertas em teatro de fantoches caseiro?

Regra de ouro: Para cada minuto de tela, crie dois minutos de brincadeira prática com o que foi aprendido. Se descobrirem sobre vulcões pelo app, construam um com argila e bicarbonato. Assim o digital se torna vivencial.

Respostas impossíveis, soluções criativas

Mãos de uma criança desenhando um arco-íris, expressando sua criatividade.

Na última tempestade, veio a pergunta: ‘Papai, Deus está triste quando chove?’ Enquanto eu travava buscando uma resposta teologicamente perfeita, você transformou o momento numa história colaborativa. ‘Que tal perguntarmos como seria o guarda-chuva preferido do arco-íris?’

Essa é a beleza da fase dos ‘por quês?’. As melhores respostas não estão nos livros, mas no espaço seguro que criamos para exploração. Uma pesquisa da UFMG revelou que crianças que têm liberdade para criar hipóteses desenvolvem 25% mais pensamento crítico. E cá entre nós, quem não adoraria trabalhar num escritório onde perguntas ‘malucas’ são celebradas?

Brincadeira noturna: Inventem uma criatura imaginária responsável por fenômenos curiosos – o Monstro das Meias Perdidas ou a Fada do Botão de Elevador. Depois usem apps de IA para desenhar esses personagens juntos!

A IA como parceira na alfabetização emocional

Mãos de um adulto e de uma criança juntas sobre uma mesa, simbolizando apoio e empatia.

Quando nosso filho perguntou por que algumas crianças não têm casa, sentimos o peso da resposta. Foi quando sugerimos usar o app de perguntas para entender melhor o assunto, mas combinando com uma ação prática. Pesquisamos juntos e depois doamos brinquedos para um abrigo.

É nesse equilíbrio que a tecnologia brilha – como ferramenta para desenvolver empatia. A UNICEF recomenda usar recursos digitais para abordar temas complexos de forma lúdica. Que tal criar um podcast familiar respondendo às grandes questões das crianças? Cada episódio pode começar com pesquisa via IA e terminar com uma atividade prática.

Projeto familiar: Escolham juntos uma pergunta difícil por mês. Usem a IA para pesquisar, depois transformem em uma ação concreta – desenho, música, até uma peça de teatro para os avós!

A verdadeira lição está na jornada

Na semana passada, durante mais uma sessão de ‘por quês?’ noturnos, percebi algo mágico. Enquanto buscávamos juntos porque as lagartixas andam nas paredes, nossa verdadeira descoberta foi ver o mundo novamente com olhos de criança. Cada dúvida deles reacende uma centelha nossa que o mundo prático tentou apagar.

As pesquisas mostram que pais engajados na fase dos ‘por quês?’ não apenas ajudam no desenvolvimento cognitivo dos filhos, como também reduzem seu próprio estresse.

É impossível responder a todas as perguntas, mas podemos parar, olhar nos olhos e dizer: ‘Que ótima pergunta! Vamos descobrir juntos?’

Os ‘por quês?’ vão continuar chegando – no meio do trânsito, na hora do banho, às 3 da manhã. E sabe o que é mais fantástico? Com cada questionamento, temos a chance de dar o maior presente de todos: validar a curiosidade deles com um brilho nos olhos e dizer: ‘Sua pergunta é INCRÍVEL! E eu estou aqui, do seu lado. Não com todas as respostas, mas com um coração gigante, pronto para descobrir o mundo com você!’

Fonte: How We Think, How We Teach: Five Ways to Think About AI in Faculty Work, Faculty Focus, 2025-09-15.

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