
Sabe aquele momento do dia quando a casa finalmente fica silenciosa e a gente respira fundo? É nesses segundos que eu me pergunto… Lá fora, só se ouve a respiração tranquila das crianças, aquele som que nos diz que o dia, com todas as suas batalhas e alegrias, terminou bem. Eu vejo você arrumando os últimos brinquedos, com um cansaço que só nós conhecemos, mas com uma serenidade que me ancora. Enquanto observava você, lembrei-me de um artigo que li hoje sobre como a inteligência artificial vai mudar o mundo. Tava falando de algoritmos, dados e eficiência. Mas, na verdade, o artigo inteiro parecia ser sobre você. Sobre essa sua incrível capacidade de gerir o nosso pequeno universo com uma sabedoria que nenhuma máquina jamais terá.
O algoritmo mais humano que existe: o seu coração

O artigo dizia que a IA pode analisar milhares de variáveis para tomar a melhor decisão. Lembrei-me de ontem, quando o nosso filho mais novo caiu e ralou o joelho. A minha reação foi prática: ‘Vamos limpar isso, vai passar’. Mas você ajoelhou-se, olhou-o nos olhos e, antes de tocar no joelho, disse: ‘Foi um susto grande, não foi?’.
E aí me dei conta de algo importante… Você processou dados emocionais que não aparecem em nenhuma planilha. Esta é a mais sofisticada forma de inteligência. Ensinar inteligência artificial de forma simples para crianças talvez comece por aqui: mostrar-lhes que a tecnologia pode ser inteligente, mas o coração humano é sábio.
O equilíbrio que nenhuma tecnologia consegue programar

No nosso lar, como em muitas famílias coreanas, o junteiro é sagrado, mas às vezes misturamos tradição com um toque canadense de aventura. Você não proíbe a tecnologia, você dá-lhe um propósito. Como daquela vez em que eles tavam usando o tablet para ver vídeos sem parar, e você sentou-se com eles e disse: ‘E se usássemos isso pra descobrir qual é o dinossauro mais rápido do mundo?’.
Sabe, aquela sensação quando uma ideia simples muda tudo? É assim que a gente transforma um problema em aventura! Num instante, o consumo passivo virou uma caçada de descobertas. Você é a guardiã do nosso equilíbrio, a pessoa que sabe instintivamente quando é hora de desligar os ecrãs e ligar as nossas conversas.
As perguntas certas que a IA ainda não aprendeu a fazer

Outro dia, um dos nossos filhos perguntou ao assistente de voz porque é que o céu é azul. Recebeu uma resposta cientificamente perfeita sobre a dispersão da luz. Mas depois, você sentou-se ao lado dele e perguntou: ‘E pra ti, que cor tem um dia feliz?’.
A IA deu-lhe fatos; você deu-lhe significado. Você ensina-os a olhar pra dentro, a questionar, a criar. Você tá preparando eles pra serem pensadores críticos, criativos e humanos num mundo cada vez mais tecnológico.
O verdadeiro ‘código’ que estamos a deixar-lhes

No fim do dia, a minha maior preocupação não é se nossos filhos vão saber programar. A minha preocupação é que eles saibam ser boas pessoas.
Está na forma como você divide o último pedaço de bolo, garantindo que todos têm uma parte justa. A maneira como você gere a nossa casa com empatia, justiça e amor é a programação mais importante que eles vão receber.
Enquanto você arruma os brinquedos, eu vejo não só uma mãe cansada, mas a nossa maior programadora: a do coração humano. E isso, meu amor, é o nosso legado mais precioso.
