Hoje, vi as crianças paralisadas diante daquela tela que promete ensinar robótica até pra bebês. Duas horas depois, a mesma tela era só um apoio pro suco derramado. Fiquei pensando naquelas notícias de apps que surgem e viram pó como biscoito no café da manhã. Não é sobre o app, é? É sobre como, mesmo com a cabeça cheia de reuniões e planilhas, encontramos tempo pra transformar a lavagem de roupa em jogo de cores ou os restos de um almoço de domingo em uma nova brincadeira. Porque a verdadeira curiosidade não nasce em tendências. Nasce nas mãos daquela que sabe que raiz forte não é construída com glitter digital, mas com barro de quintal e perguntas sem pressa.
Brinquedos que Contam Histórias Maiores que Seus Pixels
Lembra daquela semana que trouxemos pra casa o ‘kit futuro programador’, com holograma de dinossauro incluso? As crianças brincaram três dias – até descobrir que o controle da TV fazia sons mais divertidos. Confesso que até eu, no meio da correria do trabalho, caí na tentação daquela caixa colorida. Mas foi você quem sentou no chão com elas, desmontando o brinquedo: ‘Vamos entender como ele funciona por dentro?’.
Enquanto eu contava o preço, você já estava ensinando a questionar o brilho. É tanta pressão por aí… A gente abre o celular e vê pais com filhos criando apps antes dos cinco anos. Mas na vida urbana que conhecemos, o que importa é saber que cada ‘por quê?’ das crianças não precisa de sensor 3D. Basta a calma com que você limpa o arroz derramado pra ensinar contagem, ou vira a panela do jantar pra explicar gravidade com feijão.
Construir conhecimento é como plantar uma árvore. Ninguém vê a raiz crescendo sob a terra, mas quando o vento chega, é ela que segura a árvore
Nossos pequenos não precisam de folhas douradas – precisam de raízes que aguentem verão sem água e enxurrada de informações. E você, com seu jeito tranquilo de virar até o desastre da lava-louça em aula de física, é quem planta essas raízes. Até hoje lembro quando o suco foi derrubado: em vez de brigar, você sugeriu: ‘Será que o chão tá com sede? Vamos fazer um rio até o balde?’. Era isso. Era exatamente isso que faltava nos apps.
Perguntas que Sobreviveram a Todos os ‘Atualizar’
Ontem, voltando do transporte lotado, você me contou da reunião na escola sobre ‘plataformas de perguntas interativas’. Passei o braço no seu ombro cansado e lembrei: na nossa mesa depois do jantar rápido, você já faz isso há anos. Quando perguntam ‘por que o céu é azul?’, você não busca Google – pega o copo de suco pra mostrar como a luz se filtra. É nesses momentos que vejo o milagre: você não ensina respostas, ensina a dançar na dúvida.
Às vezes me envergonho. Vejo você limpando caneta na parede enquanto os pequenos gritam ‘POR QUÊ?’ sem parar – e você responde rindo: ‘Tá me programando igual robô, hein?’. É aí que entendo: o verdadeiro ‘loop infinito’ não é das máquinas.
É a coragem que você tem de manter a porta aberta pro mistério, mesmo quando o dia roubou sua última gota de energia.
A Revolução que Acontece Fora das Notificações
Naquela noite de greve, quando tivemos que levar as crianças nas costas até a escola, vi você fazer o impossível: virar desespero em aventura. Enquanto eu xingava o trânsito, você apontava árvores na periferia e inventava nomes pra formigas. Foi ali, suados e com os pés inchados, que percebi a revolução real.
Não são as ferramentas que definem o futuro – é a capacidade de encontrar caminho quando o GPS da vida quebra. Observo você todo dia ensinando o que nenhuma startup promete: resiliência. Quando os boletos apertam, você não fala de ‘metas SMART’. Mostra com gestos: reaproveita retalhos pra brinquedos, troca experiências na fila do pão, transforma ‘não quero ir pra escola’ em debate sobre direitos.
É na quietude desses momentos que vejo o coração da educação eterna – a força que permite olhar pra chuva e não reclamar, mas perguntar: ‘será que dá pra medir a velocidade das gotas?’. Hoje, enquanto você dobrava roupas com as luzes apagadas pra economizar, sussurrei: ‘Como você consegue?’. Você sorriu, mostrando uma toalha manchada de tinta – virada em mapa do tesouro. Naquele instante, entendi que a maior lição é a que nasce da vida real, da paciência e do amor incondicional que só um coração de pai e mãe pode dar. É essa força silenciosa que nos guia, e que vale a pena continuar explorando, juntos.
Fonte: Chris Wood of Jefferies has a warning for investors chasing AI stocks, The Economic Times, 2025-09-17
