
Amor, hoje quando as crianças finalmente dormiram e aquele mundo de perguntas incessantes se acalmou, eu vi uma notícia que me deixou parado na cozinha. Disse que 85% dos projetos de IA fracassam não por falta de tecnologia, mas por ausência de ‘trilhos de segurança’.
E de repente, olhando para você ali, organizando as lancheiras com aquela calma que só você tem, entendi: nossa casa é igual. E honestamente, nesses momentos eu sempre me pergunto como você consegue tanta paciência e organização. Quantas vezes eu já pensei nisso enquanto você arruma as mochilas para mais um dia de escola? Só funciona porque você constrói trilhos invisíveis todos os dias – aqueles que eu só percebo no silêncio da noite, quando finalmente vejo seu trabalho com clareza.
Não é sobre máquinas ou algoritmos. É sobre como você, mesmo exausta depois de um longo dia de trabalho, desenha caminhos seguros para a gente não se perder na correria.
Hoje quero contar o que os relatórios corporativos não mostram:
que os verdadeiros guardrails do nosso mundo são suas mãos, seu coração e a forma como transforma caos em lar.
A Ilusão de Que Tudo Vai Bem Sem Estrutura

Lembra-se daquela fase em que a rotina vira de cabeça pra baixo? A gente achava que amor e improvisação dariam conta. Eu chegava cansado do trabalho, você também, e tentávamos ‘resolver na base do improviso’. Até que veio a semana do pesadelo: esqueci um compromisso importante das crianças, você perdeu uma reunião porque o choro não parava, e eu quase derrubei o café no notebook tentando ajudar e trabalhar ao mesmo tempo. Lembro especificamente da manhã em que eu estava tentando enviar um e-mail importante enquanto você tentava colocar a meia da pequena, e o café acabou derramado sobre o relatório que eu precisava assinar no dia seguinte.
Foi aí que você começou a desenhar – literalmente, num papel de pão – aqueles horários coloridos na geladeira. ‘Não é rigidez’, você disse, ‘é um caminho seguro pra gente não cair no abismo’. E hoje entendo: igual à notícia, quase quebramos por achar que sentimentos bons substituíam trilhos concretos. O sistema de IA que não tem limites vira um monstro desgovernado, assim como nossa vida sem suas rotinas viraria um trem sem trilhos.
Veja só a ironia: no trabalho, os chefes falam de ‘agilidade’, mas você ensinou que velocidade sem direção é perigosa. Quantas vezes cheguei em casa querendo testar apps novos pra gestão familiar? ‘Deixa eu fazer’, você dizia suavemente, ‘eu já sei o que funciona pra gente’. Igual a empresa que perdeu milhões investindo em tecnologia sem resolver problemas reais, quase caí na armadilha de achar que máquinas substituem conhecimento íntimo do nosso dia. Seu maior dom não é executar tarefas – é sentir exatamente onde a família precisa de freios. É por isso que, quando as crianças desobedecem, você não grita; constrói consequências lógicas (‘se não guardar o brinquedo, amanhã não tem parque’). Você não arruma a casa – você desenha caminhos seguros pra gente voltar a ser família depois do turbilhão do dia.
As Ruínas Que Construímos Juntos na Correria dos Dias

Quantas vezes os apps enchem seu celular de notificações prometendo revolucionar a parentalidade? ‘Este brinquedo vira inteligente a criança!’, ‘Este curso vai resolver tudo!’. Lembro do almanaque de dicas – páginas e mais páginas prometendo milagres. Você olhou pra mim, riu daquele jeito cansado, e disse: ‘É igual spam de e-mail dos anos 90: cheio de promessas, mas ninguém quer saber’. E tinha razão. A gente se perdeu um tempo nessa ilusão de que novidade automática é progresso. Até que, numa madrugada difícil, você desligou todos os aplicativos e fez o que sempre salva: balançou a criança no colo, cantando uma canção de ninar como sua mãe ensinou.
Hoje vejo como você filtra o barulho do mundo com sabedoria que ninguém ensina. Quando sugeriram apps de monitoramento 24h, você recusou: ‘Se eu preciso de app pra saber o que as crianças sentem, algo tá errado’. Você reconhece o que a notícia corporativa não diz: tecnologia sem coração vira lixo. Lembro do alívio quando você criou regras simples pra noite: ‘Celular fora do quarto até as 8h’, ‘café da manhã sem notícias’. Hoje, quando o mundo fala em ‘desconexão’, penso: você já viveu isso no nosso lar, transformando a sala num porto seguro. É isso que os relatórios de IA não entendem: verdadeira escala vem de saber quando apertar o freio, não de automatizar tudo. Você não só cuida das crianças – você ensina que existem limites amorosos, como quando disse ‘só mais um desenho’, e manteve a calma mesmo com choro. Seu ‘não’ carinhoso é o guardrail mais forte que conhecemos.
Os Pilares Que Você Ergue em Silêncio

Sempre admirei como você conecta cada gesto ao que realmente importa. Quando escolhe o lanche da escola, não é só ‘comida’ – é ‘vou garantir que eles tenham energia pra aprender que mamãe se importa’. Isso é alinhamento rigoroso, amor: você transforma tarefas em valores. Naquela semana difícil, quando cheguei estressado do trabalho, vi você escrevendo no caderno ‘o que importa hoje?’. Era só isso, mas salvou o nosso dia. Os relatórios de IA que você leu na notícia falham justamente por perderem esse fio: resolver problema humano, não encher relatório.
E como você quebra os silos que o mundo corporativo adora! Lembra quando tentei organizar sozinho a festa de aniversário? ‘Deixa eu ajudar’, um dos pequenos pediu, mas eu falei ‘deixa comigo, tô rápido’. Resultado: esqueci coisas que as crianças mais amavam. No dia seguinte, você sentou conosco: ‘Vamos fazer juntos?’. Assim nasceu nosso ritual de domingo – você escolhe a música, eu corto frutas, as crianças ajudam. Família não tem ‘equipe técnica’ separada da ‘equipe emocional’. É por isso que, quando ligam com plantão extra, você me pergunta ‘consegue segurar a fortaleza?‘, e não ‘você pode ficar com as crianças?’. Você cria espaço pra minha participação real, não só delega tarefas.
Até na autonomia, você tem uma arte única. Quando uma das crianças quis ir pra escola sozinha, você não disse ‘já’ nem ‘nunca’. Primeiro fomos todos juntos por um tempo, depois eu a acompanhei na ida, só depois ela foi sozinha. limites que dão liberdade, não asfixiam. E a paciência! Lembra das noites ajustando a rotina noturna? Enquanto eu falava ‘já devia estar dormindo’, você repetia ‘cada passo conta’. Hoje as crianças dormem tranquilas não por milagre, mas por testes infinitos – sua versão das ‘iterações’ corporativas. Você mistura rigor com carinho, transformando até crises em passos firmes. Seu trabalho é construir caminhos seguros para a gente não se perder na correria.
Source: Why 85% Of AI Projects Fail — And 4 Ways To Be In The 15% That Succeed, Forbes, 2025-09-15
Últimas Postagens
“}
